Treino, qual treino?

Pões o fone e queda à escuta,

A música ajuda acordar íntimo,

Sombras sobem à garganta, bebe água-vida,

Prepara, estica braços, pernas


Então caminha...


Seria mais fácil inventariar desculpas,

Omitir-se em preguiças,

Em trajeto vem-lhe a conhecida,

Beije-nos adrenalina!


Os pesos à espera,

Arda teu músculo, gere a fadiga, levante,

A respiração pula uns passos, controla-te!

Vem maravilhosa morte, dor,


Falso poeta, não tento convencer-te,

Corre, corro, a esteira recebe as pancadas, sonho!

Palavras, suas letras e fonemas, escriba-guerreiro

Inteligência? Diria sou d'gênio fraco, louco d'tonsura


Hei de ser pai, mas o que farei o infante herdar?


Vede, quero entrar em norma, conseguir viver sob etiqueta

Todavía sobe-me desprezo todos os dias e penso

Existo, acá meu jab-direto, luvas e um livro a investigar

Marcha adiante lógica, aplausos, desejo ver-te emoção no inferno


Queima!


Sim, sigo o algoritmo, farei-me cientista,

Do computador virá carreira,

Mas já tenho dicionários de filosofia na cabeceira,

E meus amigos são almas em túmulo - prateleira,


Leve embora tuas lentes, essa vontade afamada,

Espelho é apoio para o movimento,

Indigno de um dia ser exemplo, não sou magnânimo,

Tenho pura sede de treino!


Anseio pela música, alto volume, enquanto soca e chuta,

Desce o supino, peito esmigalhado,

Não consigo deixar de rir-me da própria postura,

Os meus impulsos são animalescos, mas os seguro,


Trabalho, estudos, q'bendita vida adulta,

O menino-leste, oriundo do nada, perto de padaria,

Caminha à largo, gerando o repasto da própria família,

Mas é aqui, na insanidade onde aviva,

Vontade-chama de permanecer em vida.

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