Conselho de Formiga

Quando dos favos de mel consumires,
Lembrai do labor das abelhas,
Assim o prazer não fica a mercê de ires
Até a cama, lambuzados de doçuras,

Pois o que dormita sobre o açúcar,
Teme todas as agruras,
E por contas d' homem desta feitura,
Esmorece a casa, repleta de fugas

Ai dos espinhos cravados no crânio,
Da coroa de quem faz legado,
Pois se todos recusam trabalho,
Vão ter com a vida boêmia, largados,

E assim chorões nada suportam,
Nem assumem, nem vivem,
E como navios que naufragam
Hão de encontrar-se lascados

No oceano de esboços abandonados...

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